Recentemente a banda ASKE lançou um videoclipe
da música "Übermesch", presente no atual álbum
“Once...”, que chamou atenção do público e mídia
especializada, não só pela qualidade do mesmo, mas também pela
rica simbologia.
Para explicar melhor toda essa parte
simbólica,
Filipe Salvini, baixista e compositor da banda, divulgou uma
nota
explicando um pouco sobre a inspiração do videoclipe. Confira:
Sobre o livro “Assim Falou
Zaratustra”:
“Zaratustra encoraja os homens a permanecer
fiéis à terra e a não acreditar naqueles que falam de
‘esperanças
supraterrestres’, pois são envenenadores.
Na obra, um sábio, pregador de tais
esperanças,
afirma ser importante estar com a mente tranquila, através da
obediência à autoridade e que assim exige o bom sono! A partir
disso, Zaratustra reflete que, para todos estes sábios
catedráticos,
tão ponderados, a sabedoria era dormir sem sonhar.
Nós, da banda ASKE, nos identificamos com
Zaratustra, escrito por Friedrich Nietzsche, porque também
entendemos estas ‘esperanças supraterrestres’ como pobreza de
espírito. Entendemos que muitos dos que buscam este tipo de
esperança visam o conforto (ou explicações que sirvam apenas
para
inquietar suas angústias) em vez da inspiração para seguir na
busca por ‘algo maior’ (ou ser o criador de sua própria obra)
como se as pessoas buscassem por anestesias em vez de
inspirações
para fazer suas obrigações e o que têm vontade.”
Sobre o vídeoclipe
"Übermensch":
“Em ‘Übermensch’, a questão que
levantamos não é o fato das pessoas terem uma fé religiosa ou
cultivarem alguma crença, afinal o imaginário ainda é um grande
alicerce para a humanidade, mas sim, os motivos que as levam a
buscar
(e se contentar com) esse tipo de explicação.
O trabalho apresenta uma personagem
interpretada
pela atriz Karol Nurza que, ao acordar, se depara com um
lampião,
que ostenta luz fraca, apoiado em uma pilha de livros velhos.
Após
ver uma chama que quase não se sustenta mais, percebe que não há
sentido naquilo e, assim como Zaratustra, parte à procura de
colaboradores que inscrevam valores novos.
Em sua busca, se depara com um local
abandonado,
onde
há inscrições nas paredes, como frases em um outro
alfabeto;
figuras históricas, como o Grafite de Alexamenos – um corpo
humano
crucificado com uma cabeça de burro – dentre outros elementos
que
aparentam ter sido modificados ou inseridos posteriormente no
local,
como uma bíblia intacta em um suporte ou uma televisão ligada.
Assim como Zaratustra, a personagem percebe
que
não há o que ser feito lá, então decide sair do local. Eis que
retorna ao local de onde partiu, percebendo a impossibilidade de
fugir de sua própria realidade. Assim como Zaratustra. Então
descobre que o melhor a se fazer é apagar a chama que aos poucos
se
torna mais insustentável, ainda embasada em velhos conceitos,
para
começar criar os seus próprios conceitos.”
A mensagem de “Friedrich
Nietzsche”:
“Tratar a nobreza como algo a ser alcançado é
um erro. A nobreza não deve ser vista como uma meta a ser
atingida e
não deve-se falar em ‘tornar-se nobre’. Mas deve ser vista como
uma ponte de travessia perigosa para poder se tornar, por fim,
humilde.
O perigo do nobre não é tornar-se bom, mas
insolente e destruidor. A alma de um preso que sonha com a
liberdade
torna-se prudente, mas também astuta e má; quando ela quer ser
livre, maus instintos também têm sede de liberdade. O erro é
querer transformar-se depressa demais, saltar degraus e, quando
vê,
está no topo mas sem ninguém com quem compartilhar.
O nobre venera sua mais elevada esperança
porque
quer criar alguma coisa nobre e uma nova virtude; não quer
expulsar
para longe o herói que há em sua alma!”
Confira agora o videoclipe de “Übermensch”:
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Fonte: Sangue Frio Produções