Completando
seus 20 anos de existência, o ATROPINA, formado na cidade de Teutônia (RS) nos
brinda com seu novo trabalho intitulado “Porões das Luxúrias". O vocalista
Murilo falou com a Força Metal sobre estas duas décadas de dedicação ao Metal
da Morte.
FMBR: Fale um pouco sobre a história da ATROPINA. Fatos, shows importantes.
Murilo:A ATROPINA foi criada em dezembro de 1996,
e desde então vem executando sons próprios com letras em português,
atacando fortemente o cristianismo e outras formas de controle de massas. Em
1998, gravamos a demo-tape "Louvar A Tudo por Nada“, material que foi
lançado em Portugal através de um split com a banda Bestial. Em 2001, lançamos
o cd "Santos de Porcelana", também lançado em Portugal através do
selo Hallucination. Em 2004, devido as mudanças de estilo e formação decidimos
trocar o nome da banda para LEGIS EDAX, com novo nome e letras em inglês
lançamos, somente em formato digital em 2007, o álbum “Hideous Manipulation”. Nesse
mesmo ano a banda decide dar uma pausa nas suas atividades. Cinco anos depois,
a ATROPINA retomou as atividades com três integrantes da sua última formação
(Alex, Mateus e Murillo) e com Cleomar (baixo) e Fernando (guitarra) passando a
integrar o time. Com essa nova formação lançamos os álbuns Mallevs Maleficarvm,
em 2014, e recentemente o Porões das Luxúrias. Quanto aos shows desde a nossa
volta já tocamos ao lado de grandes bandas como como Krisiun, Mystifier, In
Torment, Distraught, Mithrubick, Losna, Symphony Draconis, Harmony Fault,
Khrophus e Sodamed, entre tantas outras.
FMBR: Existe alguma temática central neste disco?
Murilo:Sim, é um disco conceitual. Depois de
abordarmos o livro Mallevs Maleficarvm, que serviu de manual de caça às bruxas
durante a Inquisição, resolvemos tocar em outra ferida do cristianismo, a
hipocrisia e a luxúria do clero, presentes desde sempre na igreja. Estudamos
alguns casos de porões de igrejas medievais recheadas de fetos abortados das
próprias freiras que se escondiam nesses porões durante a gravidez. Sempre
houve sexo nas igrejas, seja consensual, ou por estupro. Se no passado, as
freiras se escondiam em porões durante a gravidez, e escondiam os corpos dos
recém-nascidos nas paredes, hoje abortam silenciosamente em clínicas
clandestinas. É a eterna lei do faça o que eu digo, não faça o que eu faço.
FMBR: Em relação ao primeiro da banda Santos de Porcelana, ele atualmente está fora
de catálogo, há planos de ser relançado, ou mesmo regravado?
Murilo:Regravamos a faixa título do Santos de
Porcelana como faixa bônus
no nosso novo trabalho, mas também pretendemos, em breve, relançar esse primeiro trabalho com uma remasterizarão.
no nosso novo trabalho, mas também pretendemos, em breve, relançar esse primeiro trabalho com uma remasterizarão.
FMBR:Tecnicamente o ATROPINA este em hiato por 5 anos se contarmos os anos do
projeto LEGIS EDAX, ao que se deve esta pausa?
Murilo:Infelizmente, é muito difícil manter uma
banda de metal no Brasil, quanto mais viver disso. Na época decidimos por nos
dedicarmos mais as nossas vidas profissionais, faculdade, e por isso paramos.
Mas não conseguimos ficar muito tempo longe.
FMBR: O
aconteceu com o material do LEGIS EDAX? Ele ainda não foi lançado de oficial?
Murilo:O único trabalho que gravamos como LEGIS
EDAX, foi o álbum “Hideous Manipulation”, que foi lançado somente em formato
digital. Quem quiser conferir pode acessar o soundcloud da banda (https://soundcloud.com/tags/legis%20edax), que o material está disponível para streaming ou download.
FMBR: Quais shows vocês consideram mais importantes na carreira da ATROPINA nestes 20
anos?
Murilo:Houveram vários shows que nos marcaram
durante esses 20 anos, mas acredito que tocar ao lado do Krisiun tenha sido o
mais emblemático para nós, já que é uma banda que serve de referência para
qualquer banda de Death Metal.
FMBR: Esta
pergunta na verdade é mais uma curiosidade, ATROPINA é um remédio para o
sistema nervoso, qual foi o motivo da escolha deste nome para a banda?
Murilo:A escolha se deve aos efeitos colaterais
que essa droga pode causar, como o dilatamento das pupilas, fazendo uma ligação
com o fato de que nossa música pudesse ajudar a abrir os olhos das pessoas para
as mazelas causadas pelo cristianismo. Além disso, uma injeção de ATROPINA
direto no coração é um modo de ressuscitação, no caso de paradas cardíacas, e
assim a banda serviria também como uma injeção de ânimo.
FMBR: A
banda tem uma temática bastante antirreligiosa, em especial ao cristianismo.
Como vocês veem, além de ascensão neopentecostal no Brasil, o fortalecimento da
bancada evangélica e do conservadorismo em termos políticos, bem como o
crescimento cada vez maior de islamismo?
Murilo:Nos causa bastante indignação e
preocupação, pois a mistura de estado e religião é sempre perigosa. O estado
sempre foi bastante influenciado pela igreja, haja visto a dificuldade que se
tem em simplesmente discutir um assunto importante como o aborto, por exemplo.
Esse é um assunto que sequer é discutido, por influência da igreja, mas é um
assunto de saúde pública, que nada tem haver com o fato da existência ou não de
seres místicos. Se o duende ou a fada madrinha que você segue proíbe, foda-se
você, não faça. Mas tentar podar os meus direitos baseados em um delírio
coletivo não nos parece certo.
FMBR: O
Brasil vive um período conturbado, moral/política/economicamente falando. Isso
não chega a ser um fator que causaria problemas ao cenário em termos de
investimentos de shows no underground?
Murilo:Pelo contrário, acho que nesse momento o
underground pode se fortalecer. Com uma maior dificuldade dos produtores em
trazer bandas do mainstream, há uma grande chance desses produtores se voltarem
para o underground que não perde nada em qualidade para outras bandas. É hora
do underground mostrar sua força e conquistar esse espaço.
FMBR: Tirando Krisiun, Patria e Rebaelliun, a maioria das bandas do RS acabam ficando
restritas somente à região Sul do país em termos de shows, e mesmo lançamento
de discos de bandas independentes. Isso causa um desconhecimento dos fãs de
Metal do país inteiro dos bons trabalhos feitos no estado? E quais seriam as
soluções para este problema? Maior investimento nas ferramentas virtuais da
internet?
Murilo:Pela nossa localização no país, acabamos
tendo problemas de logística aliados a todos os problemas que as bandas
undergound sempre sofrem. Dessa forma, acaba sendo mais difícil e mais caro
para nós o deslocamento até os grandes centros, o que acaba encarecendo nossos
shows para produtores de fora do RS. Ainda temos um grande problema no Brasil,
que é a falta de circuito de shows minimamente estabelecido, para que as bandas
possam circular a cada novo trabalho.
Prazer Santifficado
https://www.youtube.com/watch?v=EzDhuFDUqlU
Cálice Blasfêmico
https://www.youtube.com/watch?v=CDCQSAxjpps
Clip Malleus Maleficarum
https://www.youtube.com/watch?v=I79JD3N2swk
https://www.youtube.com/watch?v=EzDhuFDUqlU
Cálice Blasfêmico
https://www.youtube.com/watch?v=CDCQSAxjpps
Clip Malleus Maleficarum
https://www.youtube.com/watch?v=I79JD3N2swk
ATROPINA:
Alex Alves -
Guitarras, Vocais (backing)
Murillo
"Ogro" Rocha - Vocais
Mateus
Perotti - Bateria
Fernando
Müller - Guitarras
Cleomar Schmitzhaus – Baixo
Informações:
https://www.facebook.com/ATROPINAmetal/?fref=ts
Por Carlos Henrique Schmidt
Informações:
https://www.facebook.com/ATROPINAmetal/?fref=ts
Por Carlos Henrique Schmidt